Arca Brasil

30 março 2011

Sustentabilidade em Sorocaba

Sustentabilidade chega à administração Municipal
Notícia publicada na edição de 26/07/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 8 do caderno Casa e Acabamento -
  • Fábio Rogério De onde vem "A maioria do entulho é proveniente de obras particulares.
  • Aqui, ocaminhão despeja a caçamba cheia. Nós espalhamos no terreno e uma equipe da Coopereso faz a triagem "
Prefeitura recicla entulho e dá oportunidade para e egressos
Separar galhos, folhas de árvores, madeira, ferro e plástico de entulho, auxiliar o funcionamento da máquina de trituração e ainda ajudar o meio ambiente. Esse é o papel de Milton Vieira Júnior, de 21 anos, e Monalisa Emília Barbosa, de 29 anos. Ambos são ex-detentos que, desde que cumpriram pena trabalham no aterro municipal de inertes, em Sorocaba. É que tanto Júnior como Monalisa fazem parte da Cooperativa de Familiares de Egressos e Reeducandos de Sorocaba e Região (Coopereso), que atua no aterro há três anos e conta com 19 cooperados. Todos, aliados à municipalidade, fazem parte de um sistema que visa o reaproveitamento de materiais inertes, redução de gastos públicos municipais com jardinagem e obras municipais, e através do trabalho, a inclusão social de egressos. É o chamado habitatvivo: construção sem impacto ambiental, viável economicamente e fomentação social.
Sistema
Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba, todo ciclo de reciclagem do material inerte, o entulho, faz parte do programa Cidade Super Limpa, de 2007. Dentro dele está previsto o recolhimento de madeira, entulho e lixo no geral, depositados pela população nos chamados ecopontos - criado para oferecer uma alternativa correta e gratuita para deposição de entulho de construção civil e madeira.
Ao todo são 47 caçambas, distribuídas em 16 pontos, bairros como Julio de Mesquita, Nova Esperança, Vila Helena. E semanalmente, caminhões da Prefeitura recolhem o material. De acordo com a Secretaria de Comunicação (Secom), a quantidade de caçambas disponibilizadas nos bairros varia conforme a necessidade de cada local que, anteriormente, contava com pontos de deposição irregular de entulho.
Os galhos - resultantes de podas de árvores, por exemplo - e o entulho são levados até o Aterro Municipal de Resíduos de Inertes, na Zona Industrial. O encarregado do aterro, Alcides Lourenço Filho, explica que no local, de 10 alqueires, há duas máquinas. Uma delas, a picotadeira de madeira, tritura galhos, troncos e madeiras de demolição. Os resíduos são usados pela própria Prefeitura na jardinagem municipal.
Recebo diariamente cerca de 90 m3 de madeira e folhas por dia. São caminhões municipais e particulares que despejam o material aqui. O pó serve principalmente para adubo dos jardins da cidade e somente a administração utiliza o material. Infelizmente o uso é somente da Prefeitura. É pouco. Qualquer um pode vir e solicitar o material. Estamos estocando o resíduo e buscando parcerias para o uso, observa.
Ao lado da picotadeira encontra-se a trituradora de entulho. Lourenço conta que recebe no local cerca de 500 m3 de entulho por dia, cerca de 23 mil m3 ao mês, mas somente 30% do total é reaproveitado para obras municipais - cerca de 5 mil m3 de cascalho por mês, volume equivalente a mil caçambas de entulho.
A maioria do entulho é proveniente de obras particulares. Aqui, o caminhão despeja a caçamba cheia. Nós espalhamos no terreno e uma equipe da Coopereso faz a triagem - separam ferro, madeira e plástico, que correspondem a 70% do total. Na trituradora só entra entulho. Do pó fabricado, auxiliamos na manutenção de estradas de terra, detalha.
De acordo com a Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana (Seobe), após triturado, o entulho se transforma em pedrisco para ser utilizado como reforço na base de asfalto em obras de pavimentação e construção de calçadas também.
E como se não bastasse, os 70% do entulho, correspondente a ferro e plástico, também é encaminhado à Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba, revertido em renda para cerca de 30 pessoas. Além disso, todo o sistema de separação e reaproveitamento dos materiais permite o aumento da vida útil do aterro.
Esperança
E é lá que há geração de renda para egressos do sistema prisional e familiares, por meio de convênio com a Fundação de Amparo ao Preso Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap), como Júnior e Monalisa, por exemplo, que fazem vida e ganham esperança. Júnior conta que, como Monalisa, recebe cerca de R$ 550 mensais. Dinheiro que ajuda na renda familiar, composta pelos pais e mais dois irmãos mais novos.
A parte boa é que esse trabalho é garantido. Posso planejar, comprar. É um dinheiro honesto. Esse limite físico e financeiro é bom. Penso em terminar o colegial e seguir, estudar, quem sabe eu consigo passar em engenharia civil. Não quero mais a vida que tive, diz ele que cumpriu oito meses de prisão. Já Monalisa, com três filhos para criar (de 10, 8 e 3 anos), diz que a renda do aterro ajuda a ter a esperança de uma vida melhor. Vendia roupas com minha mãe, mas a renda era instável. Gosto do meu trabalho e por mim, fico aqui, garante.

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